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Polícia

Condenado por posse ilegal de arma, agricultor cita presidente em defesa: ‘Bolsonaro disse que pessoas de bem poderiam ter’

O agricultor de uma cidade do interior paulista foi condenado a três anos de prisão depois de atirar com uma arma ilegal dentro de casa. Ele disse que não sabia que precisava seguir a legislação.

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Agricultor foi condenado a três anos de prisão depois de atirar acidentalmente em sua casa com uma arma ilegal Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Por volta das 21h10 do dia 10 de fevereiro, dois policiais militares entraram na casa do agricultor Shigueo Shimura, na cidade paulista de Lutécia, a 492 km da capital.

Pouco antes, Shimura havia disparado para o chão com uma espingarda, calibre 38 Special, marca Amadeo Rossi. O barulho chamou a atenção de vizinhos, que acionaram a polícia acreditando que algo de grave poderia ter acontecido na casa.

Com o agricultor, os policiais dizem ter encontrado quatro cartuchos de munição, além da arma – tudo ilegal.

Pouco mais de dois meses depois, quando era julgado por posse ilegal de arma de fogo e munição, Shimura confessou o crime, mas justificiou sua conduta: “Bolsonaro disse que pessoas de bem poderiam ter uma arma”, afirmou.

O juiz Tiago Tadeu Santos Coelho não considerou a justificativa e condenou Shimura a três anos de prisão por posse irregular de arma de fogo e munição, além de disparar em um local habitado.

“O argumento de que o erro decorreu de má interpretação das palavras do presidente da República não afasta a ilicitude de sua conduta”, escreveu o magistrado.

De onde veio a arma?

Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro flexibilizou a posse de armas de fogo para moradores de áreas rurais
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O disparo efetuado por Shimura foi na direção do chão. Uma testemunha afirmou que, ao chegar na casa, viu o agricultou segurando a arma. Ela teria disparado acidentalmente.

Shimura confessou que estava testando a espingarda quando houve o disparo.

Na Justiça, o agricultor confessou que estava negociando a compra da espingarda de um sobrinho por R$ 4 mil. Fez isso depois de saber pela imprensa que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) havia liberado a posse de armas para moradores de áreas rurais, como ele.

Shimura argumentou que não tinha conhecimento de que, para possuir uma arma de fogo, é preciso seguir uma legislação específica.

Segundo o advogado João Antonio Alvares Martines, o agricultor é descendente de japoneses e morava no país asiático até recentemente. Depois, ao voltar ao Brasil, comprou um terreno na cidade de Lutécia, onde vive com a família criando bois.

A BBC News Brasil não conseguiu contatá-lo.

“Ele ouviu que agora pode ter uma arma dentro de sua propriedade rural. Surgiu essa oportunidade de comprar por um valor menor, e ele resolveu comprar para dar mais segurança para a família”, disse Martines.

“Ele é uma pessoa que nasceu e cresceu na zona rural, depois saiu do país e voltou. Sem muita informação, ele acreditou na TV e achou que, como é uma pessoa de bem, poderia comprar uma arma assim mesmo”, afirmou Martines.

Decretos de Bolsonaro sobre armas

Bolsonaro assinou novo decreto para flexibilizar regras sobre armas no dia 7 de maio
Foto: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL / BBC News Brasil

Em janeiro, Bolsonaro assinou decreto tornando mais brandas as regras para posse de armas de fogo no país. O texto permite aos cidadãos residentes em áreas urbanas e rurais possam manter armas em casa, desde que cumpridos os requisitos de “efetiva necessidade”. Cada pedido é avaliado pela Polícia Federal.

Em maio, por meio de outro decreto, o presidente flexibilizou o porte de armas (quando o cidadão pode transportar o objeto). O texto amplia em muito as atuais condições que autorizam o porte. As medidas incluídas facilitam que certos profissionais – como advogados, caminhoneiros e políticos eleitos, por exemplo – portem armas de fogo carregadas.

O texto também aumenta o número de munições que podem ser compradas por cidadãos que tenham autorização.

‘Não trouxe risco para a comunidade’

Shigueo Shimura era réu primário, não tinha antecedentes crimininais antes da condenação. Em tese, ele poderia seguir o novo decreto de Bolsonaro e ter posse de uma arma de forma legal. Mas preferiu recorrer a um sobrinho.

Pelas circunstâncias, o agricultor não será recolhido a estabelecimento prisional – ele pagará uma multa e poderá cumprir a pena em liberdade.

O juiz refutou o argumento da defesa de que Shimura não sabia que precisava seguir a legislação para ter uma espingarda. “Ninguém pode alegar desconhecimento da lei para não cumpri-la”, escreveu o magistrado. Ele estipulou uma multa e determinou que a pena seja cumprida em liberdade.

Nessa semana, o advogado Martines recorreu da decisão judicial, pedindo absolvição de seu cliente.

“Não existiu dolo, ele não teve a intenção de prejudicar ninguém. Ele acabou mexendo na arma, testando, e ela disparou. Foi um disparo involuntário e acidental, não trouxe risco para a comunidade”, disse.

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Polícia

Suspeito de matar Rafael Miguel, de “Chiquititas”, tinha ciúme da filha

Segundo informações do jornalista Luiz Bacci, Paulo teria ciúmes de Isabela Tibcherani, de 18 anos

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Rafael Miguel e a namorada, Isabela Tibcherani; ex-ator mirim foi morto pelo pai dela, neste domingo (9) (Imagem: Reprodução / Instagram)

A Polícia Civil em São Paulo faz buscas por Paulo Cupertino Matias, de 48 anos, apontado como principal suspeito de matar o ex-ator mirim Rafael Miguel, de 22 anos, e seus pais, na porta da casa da namorada do jovem, neste domingo (9). Uma imagem dele circula na internet como forma de auxílio às buscas do foragido.

Segundo informações do jornalista Luiz Bacci, Paulo teria ciúmes de Isabela Tibcherani, de 18 anos. Ela presenciou o crime. “Paulo fugiu após os disparos e cometeu o crime por ciúmes da filha. A menina era obrigada a ficar trancada em casa e a não se relacionar com outras pessoas“, disse Bacci, com base em informações de pessoas ligadas à família.

Rafael chegava à casa de Isabela com os pais, João Alcisio Miguel, de 52 anos, e Miriam Selma Miguel, de 50, após a garota sentir-se mal ao longo da manhã. “[Isabela] recebeu a visita e o carinho do namorado e dos sogros. Segundo testemunhas, Paulo não gostou e atirou nos três em São Paulo“, afirmou o âncora da Record.

Os três foram alvejados e morreram na hora; em seguida, o suspeito fugiu. O caso foi registrado como homicídio consumado no 98º Distrito Policial de São Paulo. Uma imagem do suspeito, divulgada pela polícia, foi republicada por Bacci.

FONTE: Site Terra/RD1

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Polícia

Advogado de Najila: Neymar se complicou após depoimento

Cosme Araújo diz que o jogador assumiu a agressão e acha que a palavra dos dois deve ter o mesmo peso

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Saída do atacante Neymar da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo Amaro, bairro de São Paulo, na noite desta quinta-feira (13), depois de depor sobre a acusação de agressão e estupro feita pela modelo Najila Trindade. Foto: ANTÔNIO CÍCERO/PHOTOPRESS / Estadão

A modelo Najila Trindade tem um novo advogado na acusação de estupro contra Neymar. Cosme Araújo Santos, criminalista da Bahia, assumiu o caso oficialmente nesta sexta-feira após receber procuração assinada pela modelo. Ele é amigo do pai de Najila, que mora na Bahia.

Cosme está tentando adiar dois julgamentos dos quais vai participar para marcar sua viagem a São Paulo, o que deve acontecer na semana que vem. Ele afirma que ainda não teve acesso ao inquérito e que também não viu o vídeo de sete minutos que teria imagens do segundo encontro entre Neymar e Najila. “Eu não poderia ver porque estou entrando no caso agora. Ontem, ela assinou a procuração. Não tive acesso a nenhum inquérito. Posso adiantar que existem fortes indícios de que alguém ganhou dinheiro usando o nome dela. Não estou fazendo afirmação, estou dizendo que existem fortes indícios”, afirmou em entrevista exclusiva ao Estado.

Cosme aconselhou Najila a gravar um vídeo para esclarecer seu posicionamento sobre a ação da polícia no caso. A modelo relatou um suposto arrombamento do seu apartamento, no qual um tablet com imagens do seu segundo encontro com Neymar teria sido roubado. Ao ser questionada no SBT sobre o resultado da investigação, que encontrou apenas digitais da modelo e da empregada no apartamento, Najila afirmou: “É, mas a polícia está comprada, né? Ou eu estou louca?” A afirmação gerou grande repercussão negativa e, inclusive, um Boletim de Ocorrência por difamação.

“Ela vai dizer que a colocação dela foi mal interpretada, como se tivesse afirmado. Ela vai dizer que, se a interpretação, ainda que equivocada, ofendeu as pessoas, ela pede desculpas. Não pelo que disse, mas pela interpretação equivocada. Não tem problema pedir desculpas, pois ela não teve intenção nenhuma de atingir a honra de ninguém”.

Depoimento de Neymar

O defensor avalia que Neymar se complicou ainda mais após o depoimento concedido na quinta-feira. “Na minha opinião, ele se complicou ainda mais ao confessar que bateu a pedido dela. Por que é temos de acreditar na palavra dele contra a palavra de uma pessoa que foi lapeada na pancada? Por que a palavra dela tem menos valor do que a dele? Por que ele é famoso e tem dinheiro? Por que ele pega duas aeronaves, um jatinho e um helicóptero, parecendo um popstar, um papa?”, questionou o advogado.

“Se for por isso, para mim não tem Justiça. O que nós buscamos é a verdade. Não podem tentar desqualificar uma moça humilde, do interior da Bahia, de família pobre e que vive uma vida comum. Só por ser uma mulher bonita, eles acham que pode ser usada como objeto”, concluiu ao Estado.

Cosme Araújo Santos é o quarto advogado a assumir o caso pelo lado de Najila. José Edgard Bueno, Yasmin Abdalla e Danilo Garcia de Andrade deixaram a defesa da modelo anteriormente. O primeiro advogado afirmou que Najila não havia mencionado estupro nas conversas, apenas agressão. Yasmin Abdalla assumiu o caso, mas decidiu apenas oferecer apoio pessoal e indicou Danilo Garcia, especialista na área.

Na última segunda-feira, Danilo deixou o caso alegando que havia sido acusado pela própria modelo de roubar um tablet e, por quebra de confiança, não poderia continuar no caso. O objeto é peça importante na investigação, pois armazenaria imagens do segundo encontro com Neymar que foram gravadas pela modelo.

 

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Polícia

Lava Jato: Polícia Federal encontra origem de ataque hacker

Investigadores afirmam que boa parte dos celulares invadidos não tinham camada extra de proteção

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A Polícia Federal (PF) encontrou a origem do ataque hacker que obteve informações de celulares das autoridades ligadas à Operação Lava Jato. Segundo o G1, a porta que abriu a invasão foi o celular de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, em abril deste ano.

A infiltração foi por meio do Telegram e por enquanto somente esse app teria sido usado pelos criminosos. Após conseguir acesso ao mensageiro de Janot, o invasor chegou ao grupo de conversa dos magistrados e em seguida conseguiu os números de todos os integrantes. Depois disso, procuradores do Paraná — onde o estrago foi maior—, São Paulo e Rio de Janeiro foram hackeados.

Ministro Sérgio Moro – Foto: TecMundo

Até agora 10 autoridade já confirmaram serem vítimas nesse mesmo caso e boa parte, mas não todos, tiveram conversas copiadas. Nos quatro inquéritos que investigam essas atividades, os policiais afirmam que boa parte dos smartphones não tinham dupla verificação ativada — ou seja, estavam sem aquela camada de proteção extra.

Polícia acredita que ataque pode ter brasileiro auxiliando hacker gringo

A investigação continua, até porque os oficiais acreditam que os responsáveis por essas ações tinham pleno conhecimento da Lava Jata e quem são os principais envolvidos na operação. Uma das linhas seguidas pelas PFs do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro aborda um invasor brasileiro ou um brasileiro ajudando um gringo.

Não temos visão de que é hackeamento, diz ministro Gilmar Mendes

Na tarde de quinta-feira (13), o ministro Gilmar Mendes comentou a suposta invasão. “Precisamos saber do que se trata, não temos visão segura de que é hackeamento. Esse é o grande problema hoje, no mundo todo. Estamos vivendo essa realidade. Por qualquer descuido nossas mensagens ficam à disposição”, disse . “Evidentemente, que todos nós devemos nos preocupar com essa questão da segurança, é preciso tomar providências em relação a isso, é tema extremamente sério.”

Já o The Intercept Brasil, que recentemente divulgou trechos de conversas de procuradores da Lava Jata, inclusive do então juiz Sergio Moro orientando o procurador Deltan Dallagnol (o que é ilegal, de acordo com norma legislativa brasileira), disse ter recebido a reprodução de conversas de sua fonte antes da invasão de celulares pelos hackers.

FONTE: Site Terra/Tecnologia

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